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Distanciamento social seletivo

Foto do escritor: Daniel MaiaDaniel Maia

É um verdadeiro absurdo o que se tem visto no que tange ao distanciamento social no Brasil. Não bastasse durante o auge da pandemia o próprio presidente da República dá péssimos exemplos de descumprimentos de normas do Distrito Federal, as quais regulavam o distanciamento social, agora, que a maioria dos estados estão em fase de reabertura de suas atividades, eles fazem um verdadeiro “samba do crioulo doido” na regulamentação do distanciamento social, propiciando uma seletividade inaceitável entre as atividades que podem voltar a serem exercidas normalmente.


Vejamos, por exemplo, se faz algum sentido manter a proibição de cantores trabalharem em barzinhos, fazendo sua atividade dentro dos protocolos de segurança, ao mesmo tempo em que se permite que as academias voltem a receber dezenas de alunos e professores, os quais dificilmente conseguem manter sequer o uso das máscaras durante todo o treine, sem falar que diferentes da maioria dos bares, as academias funcionam em ambientes fechados, com ar condicionado, o que aumenta o risco de proliferação do vírus. Será que um cantor, com sua voz e violão, é capaz de disseminar mais o vírus do que dezenas de pessoas juntas, suadas, correndo em esteiras? Óbvio que não!


De outro lado, o equívoco na regulamentação da volta às atividades também existe na seara federal, tendo em vista que ao regular as atividades de transportes os órgãos estatais tem nitidamente sucumbido ao lobby das grandes empresas, a exemplo do que acontecem em favor das companhias aéreas. Ora, nada, absolutamente nada, justifica que um avião possa transportar centenas de passageiros, sentados em fileiras triplas, literalmente dividindo o mesmo encosto de braço e as empresas de transporte terrestre não possam operar com a sua capacidade total, impondo, assim, um custo exageradamente alta a essa atividade, além de estar prejudicando o funcionamento de linhas de ônibus que ligam cidades importantes do Ceará.


E olha que aqui não estou nem adentrando na questão da volta às aulas ou da fiscalização dos espaços públicos, pois, na verdade, o que se tem visto, pelo menos na capital alencarina, é a absoluta incapacidade dos entes públicos de fazer valer seus decretos de distanciamento social, principalmente nas praias de Fortaleza, as quais a cada final de semana parecem mais lotadas.


Aqui não defendo que se fechem as academias ou se puna as empresas aéreas, mas que os governantes tenham coerência nas decisões que tomam sobre o distanciamento social, afim de evitar tais distorções e melhorar a eficácia das medidas.


Espera-se que o bom senso e estudos técnicos voltem a prevalecer entre os governantes, os quais devem sair de seus castelos e enxergar que algumas pessoas precisam trabalhar e que isso não colocará em risco, mais do que as distorções acima apontadas, a segurança da população.

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