Se a pessoa não tem lábios carnudos, duas seringas de ácido hialurônico transforma a boca na da Angelina Jolie; se não está satisfeita com os seios, silicone resolve; se quer ter uma bunda maior sem malhar, silicone aqui também é a solução; se quer destacar os olhos cílios postiços são facilmente colocados; se está ficando careca ou não tem barba farta, um transplantezinho é a solução; além de unhas grandes e bem desenhadas de silicone; mega hair que deixam sua cabeça com o cabelo que você quiser ter; botox para esticar a pele do rosto e trazer a sensação de que a juventude é eterna; lentes de porcelana para encapar dentes irregulares e amarelos, os tornando brancos, uniformes e lindos; congelamento de papada para deixar o pescoço fino, além de outros inúmeros tratamentos estéticos que estão ao dispor de todos que tenham dinheiro para pagá-los. E olha que nem precisa de tanto dinheiro assim, pois os tratamentos estéticos estão cada dia mais populares.
Certamente estamos vendo a geração mais bonita fisicamente que o Brasil já teve.
A indústria e o mercado da beleza perceberam que o público alvo não deve ser somente as mulheres, mas também uma crescente parcela da população masculina que anseia ficar com uma boa aparência. E até aí tudo bem, afinal de contas se sentir bem com a própria aparência é algo maravilhoso que deve ser buscado por todos.
Entretanto, se a imagem física parece ter encontrado o paraíso com a tecnologia dos procedimentos estéticos, outros aspectos que formam o capital humano, parecem estar sendo negligenciados com veemência pela maioria de nós, principalmente a formação moral, intelectual e emocional.
Testemunhamos um país com adolescentes com baixíssima tolerância a qualquer tipo de crítica, os quais formam uma geração frágil, super sensível e carente, que busca em likes e curtidas das redes sociais o afeto e a admiração que teriam se desenvolvem o seu capital humano de forma mais equilibrada e não apenas olhando para a parte estética.
Sem dúvida a beleza física é um atributo importante para todos nós, o que é belo faz bem aos olhos e à alma, mas não podemos querer ter valor social e humano apenas recorrendo às artificialidades que nos mudam exteriormente ao invés não buscar evoluirmos também internamente, amadurecendo e percebendo que a vida e as relações reais ainda são as que verdadeiramente importam.
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