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  • Foto do escritorDaniel Maia

Não se ameaça a imprensa

O mundo ficou mais uma vez atônito diante da postura do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, o qual, ao ser indagado por um jornalista sobre supostos depósitos ilícitos na conta da primeira dama, respondeu que tinha vontade de encher a boca do repórter de porrada.


O vergonhoso episódio ocorreu quando o presidente visitava a Catedral de Brasília, sendo reproduzido por inúmeros veículos de imprensa nacionais e internacionais, muitos dos quais emitiram notas de repúdio à conduta do presidente da República.


Não é a primeira vez que o presidente demonstra desdém e desrespeito por profissionais de imprensa, aliás, isso tem virado rotina em suas entrevistas. Entretanto, esse tipo de conduta não pode se tornar natural pela repetição. Pelo contrário! Ela foi muito grave e deve ser sim repudiada.


Em primeiro lugar ao se ameaçar um jornalista, não se está ameaçando apenas aquele profissional, o que já seria um absurdo em qualquer lugar do mundo, mas sim está se ameaçando a própria democracia, a qual tem em seu cerne o Direito Fundamental à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, os quais são materializados exatamente pelo exercício livre do jornalismo.


De outro lado, atos como esse pioram muito a imagem do Brasil no exterior, passando o País a ser comparado a Estados totalitários com líderes de natureza ditatorial.

Nesse contexto, há que se reafirmar a necessidade de uma imprensa livre e independente, a qual possa sim fazer perguntas inconvenientes e que assim o são pelo fato de que as respostas não são as que deveriam normal e legalmente serem dadas.


A Presidência da República ou nenhum outro cargo público pode ser usado para blindar o seu ocupante das consequências de seus atos, não pode ser uma carta branca para permitir que se faça o que quiser sem nenhuma consequência. Certamente, o presidente não pensa ou não vê que por mais que juridicamente estejam protegidos pelos privilégios e foros especiais que possui, ainda assim pagará caro nas urnas se continuar a destratar a imprensa como costumeiramente faz.


Assim, a “porrada” que o presidente quis dar no jornalista atingiu todos nós, principalmente ao próprio presidente, o qual mundialmente perde popularidade a cada ato autoritário e grosseiro que comete.

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