Todos nós de alguma forma ou em alguma fase da vida somos vaidosos.
A mais comum das vaidades é a da beleza, a qual faz as pessoas mudarem os corpos e os rostos afim de ficarem no padrão que desejam.
Outras pessoas são materialmente vaidosas, buscam ostentar todas as suas conquistas materiais: carros, casas, joias.
Também é muito comum a vaidade intelectual, e dessa eu sou réu confesso: sofro disso. São aquelas pessoas que se envaidecem com cultura, com conhecimento, com inteligência. São as mais chatas.
Em todas as formas de vaidade há um pouco de irracionalidade, vez que quase sempre o preço que pagamos para satisfazê-la é maior do que o prazer que ela nos proporciona.
Entretanto, há um tipo de vaidade que além de irracional, tem uma pitada de psicopatia, loucura mesmo, é aquela das pessoas que vivem como se não fossem morrer. E aqui não me refiro a questões espirituais, à prestação de contas ao divino, mas sim ao desperdício de tempo de vida com coisas idiotas, ao invés de gastá-lo com o que realmente importa: família, amigos, prazeres, espiritualidade, bem ao próximo e tempo de qualidade com os seus.
Vejo e tristemente convivo com velhos que já estão no último quarto da existência nesse plano e ao invés de curtirem o lado bom da vida preferem gastar seus últimos verões saudáveis brigando por títulos e pseudo poderes, que só o apego ao material ou a necessidade de “serem alguma coisa”, para, assim sentirem-se respeitados ou, na verdade, temidos, justifica.
Essa vaidade é a mais tola entre todas, pois além de fazer a pessoa passar vergonha, já que todos percebem o desespero para não serem substituídos pelo novo, ainda cobra um preço alto que é o da solidão na memória coletiva. Aqui está a contradição maldita, pois geralmente é cultivada por pessoas que precisam se sentir importantes para acreditarem que serão lembradas, quando, em realidade, os títulos de qualquer natureza passam e somente o que perdura são as boas ações.
A vaidade é a mãe dos tolos, e nessa última modalidade é a própria personificação deles, os quais somente entenderão esse tipo de raciocínio no leito de morte e aí, como diria Luís de Camões, já será tarde e a Inês estará morta.
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