Quem de nós nunca se achou feio ou, pior, esquisito, em uma foto tirada no tamanho 3x4? Aquelas mesmo, usadas geralmente em documentos e em currículos para busca de emprego. Entretanto, no apogeu da feiura que nos batia sem dó ao vermos nossa imagem nesse tipo de foto, tinha uma coisa boa: éramos trazidos para a realidade de que a autenticidade do documento que receberia aquele “retrato”, como diria uma tia minha, estava intimamente ligada à imagem da foto. Como se o próprio estado estivesse aceitando a nossa feiura como prova de que o documento era válido e legal.
Claro que esse pensamento é irônico e com ele tento mostrar que o exagero da feiura que apresentávamos nas fotos 3x4 atualmente foi substituído pelo exagero diametralmente oposto que é o da beleza fictícia apresentada nas fotos postadas por muitas pessoas no Instagram e em outras redes sociais.
Sério, não se dá para saber mais se a pessoa que aparece na tela do seu celular é mesmo tão perfeita ao vivo, pessoalmente.
Filtros, aplicativos e outros aparatos tecnológicos fizeram as fotos 3x4, que em sua época de “sucesso” somente contavam no máximo com um fundo verde ou branco atrás da pessoa que tinha a coragem, ou melhor, a necessidade, de tirá-la, parecerem ainda pior.
Dar uma melhoradinha leve no visual da foto antes de postá-la, tudo bem, faz bem para o ego. Mas o que me pergunto é se essas pessoas que abusam das alterações nas suas fotos postadas nas redes sociais não se envergonham quando são vistas pessoalmente e são obrigadas a confessarem visualmente a feiura que disfarçaram com filtros e aplicativos, em um verdadeiro estelionato visual. Aqui a foto 3x4 era melhor, pois dificilmente parecíamos melhores do que realmente éramos nelas e, assim, nunca decepcionávamos pessoalmente.
Enfim, conforme-se: você não é o seu Instagram, mas sim sua foto 3x4.
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